INSTITUTO HISTÓRICO E CULTURAL DI MÉDICI

Tomara que Caia

Há um ditado na Bahia que diz: baiano não nasce, estréia. Esse mito tem origens em muitos fatos históricos, folclóricos e culturais. A versão oficial diz que esse pedaço do novo mundo foi descoberto na Cidade de Porto Seguro, ali foi palco da primeira visão do homem branco sobre esse segundo éden, onde plantando tudo dá, onde habitava descendentes de adão com suas vergonhas bem aparadas, obviamente nus e com o estranho habito de banhos diários. Imagino a “inhaca” daqueles tripulantes.

Alguns séculos depois consolidamos um sincretismo, não sei se existe algo similar mundo afora, onde pela força de um cristianismo ruim, os negros transformaram os santos católicos em suas divindades africanas, dando um jeitinho brasileiro para manter suas próprias tradições. Nascem então situações tão agônicas em si mesmas, mas que são encaradas como naturais pelos que estréiam por aqui, como a Irmandade da Boa Morte, mulheres negras que cultuam um santo católico, mas que não abandonaram o culto dos seus deuses pagãos, tradição tão exótica que fascinam os turistas de todo o mundo. Até a lavagem do Senhor do Bonfim (outro grande exemplo desse folclórico sincretismo) já foi exporta para a França, a Bahia leva cultura para a sua antiga referência.

Na esfera cultural produzimos todo tipo de jóias raras: Castro Alves, João Ubaldo, Dorival Caymmi, Caetano, Rosa Passos, É o Tchan, Ivete, entre tantos outros (gosto cada um tem o seu) projetaram o baiano para o mundo, com todas suas especificidades.

Sem falar na baiana do acarajé, patrimônio cultural nacional, título de povo mais receptivo de seus visitantes, o que mais faz festa, são tantas coisas inflam todos os dias o velho ditado: por aqui só há estréia, ninguém nasce.

Esse é o uma versão de um famoso desconhecido canto baiana: Lazzo Matumbi, a composição da musica Do Jeito do que Seu Nêgo Gosta é uma peosia simples, suave, com o toque da giria do baianês práticado em Salvador. Nêgo aqui não tem nenhuma conotação racista, pelo o contrário, traduz uma forma amorosa de tratamento dos amantes. Fica aqui uma versão ao vivo da música. Em breve trarei mais sobre o trabalho desse artista.

Caríssimo Fernando,

Eu ainda não conhecia direito o trabalho deste artista. Mas achei muito interessante sua postagem, pois reforça a atividade cultural em vossa comuna e no Reino.
Aguardo por mais informações sobre o artista, pois, precisamos conhecer melhor talentos deste porte.
O Reino da Itália só tem a ganhar com a atividade cultural que aqui é feita.
Parabéns! Sucesso em todos os seus empreendimentos.

Att

Já faz alguns anos que ouço aqui e ali sobre a tal crise micronacional, muitos profetas já surgiram dando data e hora do fim do mundico. Em contrapartida surgiram vários grupos de discussão, várias nações de vanguarda, vários projetos salvadores desse hobby.

Eu particularmente vi muitos museus de grandes novidades, tudo muito do mesmo, mas faltando o essencial: tempo de qualidade dedicado ao hobby por prazer. Não apenas vaidade de vaidade debaixo do sol, não apenas o futuro refletindo o passado dos mesmos erros, dos egos, dos golpes baixos, das deslealdades, da falta de respeito à diversidade e ao próximo.

Mas um hobby se faz por prazer, o prazer de passar quatro ou mais horas para pescar um peixe grande, tirar uma foto com ele e logo após solta-lo para quem sabe pescá-lo daqui algum tempo e tirar outra foto.

O prazer de conviver, em nosso caso, virtualmente com pessoas que de outra forma seria impossível ou improvável conhecer, de tão variadas origens, cidades, culturas, sonhos, realizações, idades, nações e nacionalidades. Temos uma oportunidade preciosa de compartilhar idéias, projetos, discussões, discordâncias, pontos de vista heterogêneos e conflitantes, por prazer, com qualidade, buscando o crescimento próprio e conseqüentemente do grupo ao qual pertencemos.

Tudo isso com tempo de qualidade, com dedicação, perseverança, vontade de fazer mais e melhor. Tempo de qualidade para que fique claro, não significa horas e horas plugado na web, mas escrever um pequeno textos de poucas linhas é dedicação de qualidade, dar uma resposta inteligente (engraçada, didática, desaforada, entre outras) é tempo de qualidade para o hobby, trabalhar em projetos pequenos, consistentes, dentro da sua área que lhe proporciona prazer é tempo de qualidade dedicado ao hobby.

Tinha uma máxima que compartilhava com os mais próximos quando eles falavam sobre crise no mundico: tente fazer uma coisa por semana, durante o ano você fará cinqüenta e quatro ações micronacionais, se esse resultado for multiplicado por dez, qualquer micronação será muito produtiva e prazerosa, creio que é isso que nos falta nesses dias, fazermos apenas uma ação por semana com prazer e qualidade.