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INSTITUTO HISTÓRICO E CULTURAL DI MÉDICI

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22 Nov 2013 01:26 - 22 Nov 2013 01:31 #21306 por Líryan Umbria (liryan)
Respondido por Líryan Umbria (liryan) no tópico INSTITUTO HISTÓRICO E CULTURAL DI MÉDICI
Marli,

Não tenho dados para crer que os negros sejam maioria no Brasil. E aqui entramos nuns pontos, primeiro por sermos um povo multimissigenado, onde teremos que estabelecer “quem é negro” no Brasil? Só será negro aquele que tiver pele escura? Escura quanto? Será negro aquele que tiver descendência de povos africanos? E estes questionamentos são importantes na cultura miscigenada. Por exemplo, eu sou afro-descendente! Quem ver uma foto minha vai achar que estou falando bobagem, mas o caso é que o pai de minha avó materna era filho de escravos. Não sei se beneficiado pelo ventre-livre. O caso é que ele se casou com uma mulher de pele clara, e os filhos deste casal nasceram todos com traços e cabelos de negro mas pele clara. Então, são filhos “brancos” de um pai filho de escravos, é curioso isso e gera um dilema pois, apesar da minha avó ser branca, ela é descendente direta de um filho de escravos africanos.

Não tenho nada de negro, esteticamente, mas tenho um bisavô negro, e não só negro pela cor da pele, negro por ser descendente direto de africanos. Como também tenho um bisavô vindo da Itália (e que era descendente de gregos), e também descendência portuguesa por marte da avó paterna, e algo de indígena da parte do avô materno, acabei sendo um branquelo-esverdeado-de-radiação-de-monitor, que tem meio pé na África! :D

Claro, não estou desmerecendo etnia alguma aqui, só vejo como complicado falarmos que o Brasil seja majoritariamente negro. Não creio que o seja nem se levarmos em conta a cor das pessoas (mesmo as que ficam no bronzeamento) ou se levarmos em conta a hereditariedade. E em certos aspectos nem vejo importância nisso, pois teríamos que começar uma porcentagem bizarra com testes de DNA, tipo,”não, você só tem 50% de DNA negro, então você é branquelo”. “Mas aquele ali não, ele tem 51% de DNA negro então ele é negão!” A meu ver, a maioria no Brasil é o “pardo-claro” e exatamente por isso você passa ater tratamento diferenciado para quem está fora “da curva” – negros, brancos, mulatos, caboclos, cafusos...

Eu curto esta mistura, afinal, posso ser um “Orixá de passagem no Olimpo” – risos. Mas sobretudo, vejo que as questões sociais é que acabam sendo determinantes nos problemas que envolvem isso tudo. Os negros aqui já chegaram escravos, por ter crença definida “não serviam” para ser catequizados. E isso vai gerando coisas... Socialmente nunca se teve um trabalho efetivo e eficiente para gerar uma inclusão real nisso. As religiões afro-descendentes só conseguiram sobreviver quando se sincretizaram ao catolicismo, o negro só melhora se “dançar conforme a música”. Depois do governo Lula tivemos um avanço com os sistemas de cotas. Não sou favorável à cotas e sou meritocrata, mas na nossa cultura faz todo sentido começar igualdade social a partir de cotas, então, devendo elas. E acho incrível pessoas falarem mal sem nem mesmo conhecer o benefício sócio-cultural que os sistemas de cotas implementados puderam permitir.

Me lembro que, certa ocasião, eu trabalhava em uma escola pública no turno noturno. Então veio um garoto, pouco mais escuro que eu (talvez a cor que eu teria se não corresse do sol como corremos nós vampiros) e com traços finos e disse: “cara! entrei no sistema de cotas da UFMG!” Era um destes garotos esforçados com boas notas e que tinha que trabalhar para sobreviver. E estava explodindo de felicidade pois ia poder estudar. Então falei com ele, brincando: “que falta de vergonha mentir assim em?” e ele “Não cara, minha avó é negra, ai eu coloquei lá que sou afro-descendente e deu...”

É preciso que as pessoas percebam que não é qualquer um que entra nestes sistemas de cotas. Este garoto era um dos melhores alunos ali, naquela escola pública. Há mérito nele ter conseguido a vaga. O sistema de contas agiu, na verdade, regulando a situação social, do cara que tinha que trabalhar do dia todo e fazer ensino médio à noite, com o cara que ia para um colégio particular durante o matutino e depois ia para cursinhos à tarde e dormia cedo sem nenhuma preocupação na cabeça. E é isso que os “agressores das cotas” tinham que conhecer.

Por fim, sei o que passa esta sua amiga, ou conhecida, e creio que todos aqueles inseridos em alguma minoria sofram do mesmo problema. Claro, no caso dela se acentua (no meu também, mas no meu eu preciso abrir a boca para acentuar) pois se mesclam "minorias". Por isso que falo que aqui o caso não é a cor, e sim estar inserido em uma minoria,Ou estar fora da curva mediana.

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Last edit: 22 Nov 2013 01:31 by Líryan Umbria (liryan).

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22 Nov 2013 02:25 #21307 por Marli Bionaz (Marli)
Respondido por Marli Bionaz (Marli) no tópico INSTITUTO HISTÓRICO E CULTURAL DI MÉDICI
Discriminação racial é um tema que me instiga bastante. Taí Jardel que não me deixa mentir rsrsrs

Mas, saindo um pouco mais da “curva mediana”, você tocou num ponto crucial enquanto atenuante do pré-conceito que radica a discriminação de cor que visualizo que é o sistema de cotas. E nisso concordamos. O que é muito bom e aqui utilizo as palavras daquele velho sábio: "A humanidade se divide em dois grupos, os que concordam comigo e os equivocados” :laugh: Êta, Suassuna!

Brincadeiras à parte, sobre o as cotas para negros e índios trago um texto com ideias aceitáveis, do meu ponto de vista, claro.


Cota racial é política, cota social é esmola

Paulo Ghiraldelli

A pior defesa que conheço das cotas para negros e índios na Universidade brasileira é a dos que dizem que isso se insere em uma política educacional de compensação. Em geral, essa defesa é feita pela esquerda. O ataque mais perverso que conheço contra as cotas raciais é o dos que dizem que defendem, ao invés destas, as cotas sociais. Em geral esse ataque é o da direita, em especial o que é dito pelos parlamentares do PSDB e DEM.

Cota racial advém de uma política contemporânea, em geral de cunho social-democrata ou, para usar a terminologia americana, mais apropriada ao caso, liberal. A cota social é esmola, tem o mesmo cheiro da ação de reis e padres da Idade Média, e aparece no estado moderno travestida de política.

A cota social não faz sentido, pois o seu pressuposto é o de que há e sempre haverá pobres e ricos e que aos primeiros se dará uma compensação, que obviamente não pode ser universal, para que alguns usufruam da boa universidade destinada aos ricos. É como se dissessem: também há pobres inteligentes que merecem uma chance para estudar. O termo social, neste caso, é meramente ideológico. Não se vai fazer nenhuma ação social com o objetivo de melhoria da sociedade. O que se faz aí é, no melhor, populismo, no pior, a mera prática a esmola mesmo.

A cota racial não pode ser posta no mesmo plano da cota social. Todavia, a sua defesa cai na mesma vala da cota social quando se diz que ela visa colocar os negros na universidade, até então dominada pelos brancos, para que se possa compensá-los pela escravidão ou pelo desleixo do estado ou pelo racismo velado ou aberto. Não! Cota racial não é para isso. O objetivo das cotas é o de colocar um grupo no interior de um lugar em que ele não é visto para que, assim, de maneira mais rápida, se dê o convívio social entre os grupos nacionais, de modo a promover a integração – o que passa necessariamente pelo convívio que pode levar ao conhecimento entre culturas, casamentos, troca de histórias e criação de experiências comuns. A questão, neste caso, é de visibilidade do grupo por ele mesmo e da sociedade em relação aos grupos.

No Brasil há miscigenação. E em grande escala. Ótimo! Mas não basta. Não é o suficiente porque há espaços físicos e institucionais, no Brasil, que não estão disponíveis para determinados grupos étnicos e isso promove uma má visibilidade da nossa população em relação a ela mesma. A população não vê o negro e o índio na universidade e, com isso, não formula o conceito correto de aluno universitário: o universitário é o estudante brasileiro de ensino superior. Ora, se você não vê o negro e o índio nesse espaço, o conceito não se forma de modo ótimo, o que é gerado na mentalidade, ainda que não verbalizado de maneira completamente clara, é o seguinte: o universitário é o estudante brasileiro branco de ensino superior. Isso é o pré-conceito a respeito de aluno universitário. Ele está aquém do conceito – por isso ele é “pré”. Ele pode gerar uma visão errada e, a partir daí, uma discriminação social, em qualquer outro setor da vida nacional.

Assim, para resolver o problema de brancos, negros, índios ou qualquer outro grupo, do ponto de vista social, no sentido de fazer com que todo brasileiro tenha acesso à universidade, a política não é a cota social. Também não é a cota racial. A política correta é a melhoria da escola pública básica, para que todos possam cursar, depois, o melhor ensino universitário. Agora, para resolver o problema da diminuição do preconceito em qualquer setor e, é claro, não só no campo universitário, uma das boas políticas é ter o mais rápido possível o negro e o índio em lugares onde esses brasileiros não estão. Portanto, também na universidade; e é para isso que serve a cota racial. Isso evita a formação de uma mentalidade que se alimente de formulações aquém do conceito – há com isso a diminuição da formação do pré-conceito e, portanto, no conjunto da sociedade, menos ações prejudiciais contra negros e índios.

Foi assim que a América fez. As cotas ampliaram rapidamente o convívio e mudaram a mentalidade de todos. Mesmo os conservadores mudaram! O preconceito racial que, na época de Kennedy, era um problema para o FBI e, depois, do Movimento dos Direitos Civis, diminuiu sensivelmente nos anos oitenta. A visibilidade do negro se fez presente diminuindo sensivelmente o que o americano médio – negro ou branco – pensava de si mesmo. Foi essa política que permitiu um país com bem menos miscigenação que o nosso pudesse, mas cedo do que se imaginava, eleger um Presidente negro - algo impensável nos anos 60.

A ação em favor da cota social é um modo de não dar prosseguimento à política educacional democrática e, ao mesmo tempo, atropelar a política de luta contra a formação do preconceito racial. É uma ação da direita contra a esquerda. A esquerda defende sua política de modo errado ao não lembrar que a cota racial não é política educacional, é política de luta pela integração e pela ampliação da visibilidade de uma cultura miscigenada para ela mesma. Cota não é para educar o negro e o índio, é para educar a sociedade! Ao mesmo tempo, a esquerda se esquece de denunciar que cota social, esta sim, quer se passar por política educacional e, na verdade, não é nada disso – é uma atitude ideológica conhecida, que sempre veio da direita que, sabe-se bem, sempre teve saudades de uma época anterior ao tempo da formação do estado moderno, uma época em que a Igreja e os reis saiam às ruas “ajudando os pobres”.

Os senadores que defendem a cota social e não a cota racial, no fundo imaginam o mesmo que os ricos da Idade Média imaginavam, ou seja, que os pobres existem para que eles possam fazer caridade e, então, como os pobres – de quem o Reino de Céus é dado por natureza, como está na Bíblia – também consigam suas cadeiras junto a Jesus.

Não deveríamos estar debatendo sobre cotas. Afinal, já as usamos em tudo. Por exemplo, fizemos cotas de mulheres para partidos políticos e, com isso, diminuímos o preconceito contra a mulher na política. Por que agora há celeuma em uma questão similar? Ah! É que a cota racial mexe com os brios dos mais reacionários. No fundo, eles não querem mesmo é ver nenhum negro ou índio em espaços que reservaram para seus filhos.

*****

Nisso, vou ficando por aqui, porque, meu querido amigo, além de outras tarefas, tenho uma dissertação para terminar.
Á propósito, gosto dos seus textos por dimais!! Leio quase todos (quase porque minha rotina não me permite acompanhar seu ritmo de produção) :)

Um grande abraço!


MARLI BIONAZ
Ex-Presidente da Associação Feminina de Micronacionalistas
Ex-Amazona da Real Ordem da Atividade
Sempre Súdita da Coroa Italiana :D
Comuna de Treviso
"Vita, pax et virtuti"

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22 Nov 2013 11:32 #21311 por Líryan Umbria (liryan)
Respondido por Líryan Umbria (liryan) no tópico INSTITUTO HISTÓRICO E CULTURAL DI MÉDICI
Marli,

O Suassuna é fantástico! Concordo com ele, ou concordam comigo ou estão equivocados! (tem gente que, se ler esta frase, trincará os dentes) Enfim, brincadeiras à parte, este texto tem um ponto fundamental a esta questão da inclusão nas faculdades: “Também não é a cota racial. A política correta é a melhoria da escola pública básica, para que todos possam cursar, depois, o melhor ensino universitário.” O problema é que, nesta complexa questão da qual estamos falando, este ponto que desacredita e “finda” o sistema de cotas no que compete a defesa sobre o ponto de vista de “inclusão educacional” – e é uma realidade, este ponto - é exatamente o mesmo ponto que justifica a necessidade do sistema, explico.

Que a solução para a educação esteja na mudança de estruturas culminando com a melhoria da escola pública básica, não tenho dúvidas. Aliás, esta é a resposta para muitas coisas, muitos problemas. Acontece que, estamos tão distantes de uma estrutura positiva neste cenário que se fossemos esperar por ela os negros e pobres só fariam faculdade daqui uns trezentos anos ou mais! Então, tudo o que depende da reformulação da escola pública terá que ser “feito pelos cantos” até que se tenha uma melhoria neste sentido.

Com relação ao que as cotas modificam na inclusão social, propriamente, concordo! O texto é bastante claro neste sentido, e de fato isso tem um aspecto positivo até para retornarmos à questão de melhoria da escola básica. Afinal agora nos já temos aquele que é negro, que é índio, que pertence à minoria, e que conhece o mundo de uma maneira totalmente diferente do que está na elite, se formando – professor – e gerando modificadores para sua realidade. Acabam sendo coisas interligadas!

Sobre os meus textos, já ando abaixando o ritmo, a minha rotina já não anda permitindo uma grande produtividade. :D

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09 Dez 2013 02:24 #21413 por Fernando Orleans (fernandoorleans)
Respondido por Fernando Orleans (fernandoorleans) no tópico INSTITUTO HISTÓRICO E CULTURAL DI MÉDICI
Essa cena é muito, muito bonita!!!!!



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21 Mar 2014 00:49 #23117 por Fernando Orleans (fernandoorleans)
Respondido por Fernando Orleans (fernandoorleans) no tópico INSTITUTO HISTÓRICO E CULTURAL DI MÉDICI

O IHCM faz uma homenagem a Emílio Vitalino Santiago, advogado e cantor, morto em 20/03/2013, todo aquele que gosta de boa musica reconhece o seu grande talento, esperamos que as futuras gerações venham conhecer essa linda voz.





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