Eruditália!

Thomas Tallis (1502 - 1585) é um de meus compositores favoritos pela peculiaridade do tempo em que viveu e compôs.

A carreira musical de Thomas Tallis atravessou os reinados de quatro reis ingleses: Henrique VIII, Eduardo VI, Maria (católica) e Elisabette (protestante).

O turbilhão religioso que viveu deixou uma obra que se flexiona entre a tradição latina e a língua inglesa.



Loquebantur variis linguis tem no começo de cada estrofe um verso cantado ao estilo gregoriano, profundamente perseguido durante a reforma no Anglicanismo promovida no reinado de Eduardo VI e, depois, de forma mais branda no governo de Elisabette I.


If ye love me composta sobre encomenda durante os anos de Eduardo VI já utiliza a língua inglesa e uma forma mais "simples", que facilitaria a compreensão dos fiéis durante a celebração litúrgica.


Lamentations of Jeremiah é um retorno às formas polifônicas da música católica. Encomendada durante o reinado de Maria I, mantem seu título em inglês nos textos que chegaram ao nosso tempo.


Come Holy Ghost composto no fim da década de 70, durante o reinado de Elizabeth I, que retoma a reforma protestante, já tem a característica marcante da hinódia protestante, com melodia e harmonia simples, para canto congregacional. O texto vem do hino latino Veni Creator Spiritus, mais um exemplo de compartilhamento entre as fés.

Thomas Tallis é o primeiro o maior compositor ecumênico do cristianismo.

Espero que tenham gostado e até a próxima.

Vamos com calma, majestade. Tenho preferido me dedicar aos meus prediletos até porque fica mais fácil/rápido preparar os textos. Mas vou pesquisar.

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As Variações Enigma Variations on an Original Theme, Op. 36, 1888-1889, é a obra que tornou o professor de composição e compositor Sir Edward William Elgar um dos imortais da música erudita. Essa obra surgiu como uma brincadeira entre Elgar e sua esposa, que aceitou o desafio dela de, ao piano, criar músicas a partir de um tema já existente inspirado nos seus amigos mais próximos e o que Elgar via da personalidade deles.

Os homenageados receberam nomes cifrados ou apelidos, e um deles fez a fama de Elgar: Ninrod


"Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor", nome que segundo a tradição hebraica está associado a rebelião contra Deus com a construção da Torre de Babel.



Como fica fácil perceber, a música de Elgar não demonstra quase nada da rebelião do personagem bíblico. A brincadeira consiste no nome do amigo homenageado, Augustus J. Jaeger, um editor alemão de partituras que trabalhava em Londres e descrito por Elgar como o alemão mais amável que já existiu. Jaeger pode ser traduzido como caçador.


A peça teve adaptações ainda enquanto Elgar estava vivo para coro como esta.


E esta.

Elgar era um professor e compositor que valorizava um ideal de música que ele julgava que se esvaia numa inventividade excessivamente extravagante, e que a beleza da música erudita consistia justamente na simplicidade dela.



Espero que tenham gostado e até a próxima.

Passou o Natal e seu recesso e entramos no clima da próxima festa ecumênica do cristianismo e minha predileta: a Páscoa.

Vamos conhecer um pouco de um texto pascoal por excelência: Judas Mercator Pessimus.



Este hino é entoado nas Tenebrae, cerimônias que antecedem o Domingo de Páscoa. Na notação do canto gregoriano podemos perceber o uso e a ênfase do "judeus", como opositores de Cristo, a quem Judas, o pior vendedor, o vende.



Tomás Luis de Victoria foi um dos principais autores do renascimento ou quinhentismo europeu.




Aqui temos dois compositores do classicismo com seus estilos: 1º Johann Michael Haydn, irmão caçula do Haydn que se tornaria muito famoso, e também chegado de Mozart.
2º Pe. José Maurício Nunes Garcia, primeiro compositor brasileiro de destaque, ali no século XVIII e XIX.


Como curiosidade uma composição ao estilo contemporâneo deste interessante compositor armênio-canadense.

Espero que apreciem e até a próxima.