Eruditália!

O que não falta no Eruditália é música triste, alteza.

Fica a dica:
Lamentação pela segunda guerra mundial...

Com o texto de Petrarca, Verdelot musica o luto por uma Itália em crise.

Passados 4 anos do fim da Segunda Guerra Mundial o cinema soviético nos brindava com um filme que entraria para a história pelas cenas polêmicas e pela maravilhosa trilha sonora de Dmitry Shostakovitch (1906 - 1975).

Formado em engenharia e excelente pianista, logo nos primeiros anos de carreira começou a criar pequenas composições para piano e uma primeira sinfonia que faria grande sucesso por toda Europa. Era muito bem quisto pelo governo soviético, visto como uma espécie de virtuouse produzido pelo novo regime.

Mas desde os anos iniciais sua vida não foi fácil. Composições que rompiam com esquemas mais simples tornaram Shostakovitch alvo de duras críticas no Pravda durante meados da década de 30, o que lhe valeu uma queda brusca de encomendas de trabalhos na área de música. Uma sinfonia composta durante o período só pode estrear em 1965.

Contudo, Shostakovitch era muito respeitado e querido por outros grandes compostores soviéticos, inclusive o mais "leal" e respeitado daquele momento, Sergei Prokofiev. Isso garantiu que durante processos ainda se mantivesse como compositor financiado pela União Soviética.

Em 1948 uma composição em homenagem a Stalin (Canção da Floresta) lhe valeu a encomenda da música de um filme épico que estava sendo preparado para celebrar a vitória soviética na Grande Guerra Patriótica.

A Queda de Berlin é considerado até hoje um dos principais filmes de guerra por refletir de forma épica o clima da época quando ainda se reconstruía o mundo pós-guerra. O filme foi muito bem recepcionado nos cinemas ocidentais, pois retratava as lideranças ocidentais como grandes aliados do regime comunista, "diminuindo" a carga de propaganda, ao menos aos olhos daquele período histórico.

Vários temas de Canção das Florestas são reaproveitados e ampliados sinfonicamente aqui. A música de abertura dos títulos do filme já dão ideia do tema principal, associado, é claro, a figura do Grande Timoneiro, Josef Stalin.



Essa introdução é seguida por uma canção para coro infantil, onde crianças celebram a pátria que floresce sob os cuidados de Stalin e do Partido Comunista. Aqui as cenas demonstram o crescimento acelerado da industrialização soviética. Passam a impressão de que a União Soviética está na mais absoluta paz, enquanto na realidade ocupava metade da Polônia e estava atolada numa guerra quase imóvel contra a Finlândia.



Esse ambiente de paz é reforçado pela primeira longa aparição de Stalin. O Genial Guia dos Povos está, tranquilamente, cuidando de uma plantação de árvores, com sua enxada, quando é surpreendido pela chegada de um general que quer lhe falar sobre a descoberta de que os alemães preparam um ataque iminente a União Soviética. o tema do ataque interrompe a paz entre Alyosha e Natalia, um casal de camponeses que namorava tranquilamente em meio a uma plantação de trigo:



O tema de Stalin é contraposto ao tema de Hitler, apresentado como frívolo após o início da Operação Barbarossa. Em cena, ele recebe triunfal várias autoridades de países então alinhados a Alemanha Nazista.




O filme, com um total maior de 4 horas, é dividido em duas partes. A primeira parte termina após uma interessante apresentação da Conferência de Ialta, com uma marcha acelerada indicando a virada na guerra:



A segunda parte do filme começa mais solene, anunciando o desfecho que virá sobre os invasores alemães:



A batalha do Reichstag é apresentada pela perspectiva de alguns dos combatentes que estão no solo, e da dificuldade de avançar diante do recrudescimento dos alemães, que uma vez superado ainda deixa para trás o sacrifício de alguns personagens que acompanhamos durante boa parte do filme. Vemos, no filme, a versão cinematográfica de onde vem o pavilhão vermelho que foi estendido sobre o Reischtag, e símbolo maior da queda de Berlin.





O filme termina com o que alguns críticos de cinema chamam de "deificação" de Stalin, que literalmente aparece nos céus de Berlin, em um imenso Tupolev rodeado por caças de escolta, e é recebido como salvador na pista de um aeroporto em Berlin. Um "Glória" é entoado por um coro enquanto soldados de todas as nacionalidades, inclusive judeus retratados ainda em seus uniformes de campo de concentração, correm para receber o Grande Timoneiro.



Após um breve discurso, onde Stalin agradece o sacrifício patriótico de seus soldados e generais, o casal do primeiro arco do filme ressurge: ambos se reencontram ao irem saudar Stalin, que ouve um discurso emocianado de Natalia que louva a sabedoria e calma de Stalin para conduzi-los a vitória e ao reencontro, ao que Stalin deseja Paz e Felicidade a seus camaradas, concluindo o filme.






Apesar de ter sido um dos intelectuais que mais apoiou o processo de "desestalinização" da União Soviética, Shostakovic nunca pediu pela revisão desta obra ou sua supressão, uma vez que entendia que com todos os males que pudessem atribuir a Stalin, sua direção havia sido importante para derrotar a besta nazista.

Este compostor brasileiro nasceu e faleceu em Santos-SP, e se tornou muito influente na música erudita produzida em São Paulo.

De família privilegiada, a princípio seguiu uma carreira no funcionalismo público, mas com o apoio financeiro de um cunhado passou a se dedicar apenas a música.

Sua primeira composição foi Episódio (1949), de um poema de Carlos Drummond de Andrade, após alguns anos se destacando como pianista.

A partir daí Gilberto Mendes buscou um caminho pessoal e radical, na sua carreira composicional. Foi um professor polêmico e um gigante da música erudita brasileira, infelizmente pouco lembrado justamente pelo que tem de mais rico: Sua insubmissão e constantes experiências. Não se importava. Na sua humildade ele entendia que na Academia sua obra ajudaria mais do que se tornando massiva.

A seguir, vão alguns pedaços da sua imensa obra.