Eruditália!

Esse é um dos grandes debates em torno do poder do wagnerianismo. No meu ponto de vista, todo o projeto nazista de nação é inconcebível seu Wagner e conjunto de toda a sua obra.
Explico, ou tento (rss).

Wagner não era apenas um antissemita, como grande parte da Europa de então, e não vai escrever textos importantíssimos pro nazismo apenas nessa área. Aliás, seus principais textos pro nazismo são sobre ESTÉTICA.

A apropriação burguesa, ou Romântica, se preferir, que Wagner faz de toda a Cultura Clássica, resignificando-a para o 1º Reich é extremamente centralizadora e intolerante. Wagner conseguiu transformar as diferenças com Brams, outro Romântico, em uma verdadeira guerra, com registros de discípulos wagnerianos perseguindo "bramnianos" pelas ruas alemãs. Sem toda a concepção elitista e extremamente voltada ao culto dum herói, Hitler jamais teria conseguido uma coesão tão imensa dentro da Alemanha. "Arquitetura da Destruição", célebre documentário sobre a política estética nazista, apresenta todo o ideal expresso na extensa obra estética e mesmo política de Wagner.

Claro que é um equívoco dizer que Wagner é o principal motivador ou causador do nazismo, mas sem o poder da ideia wagneriana, o nazismo teria se configurado de uma outra maneira, de uma outra maneira tão outra, que acho que nem poderia ser chamada de nazismo...

Bom, esta é uma suposição polêmica, uma bem menos problemática é a que afirma que sem a música wagneriana, levaríamos ainda muitos outros anos para criar uma música mais livre de formas que já se encontravam um tanto esvaziadas de sentido.

Tristão e Isolda inaugura na música moderna a transgressão tonal, buscando sempre um estilo de música que se concilie mais adequadamente com o conteúdo.


Já na abertura da ópera, os metais fazem muito discretamente e se alternando uma escala cromática completa em ascensão, ideia que será retomada sutilmente durante toda a ópera.

Fiquem ainda com a canção final de Isolda, que termina a ópera com uma canção onde ela louva Tristão, que deverá ressuscitar para ela, uma vez que ela vai se encontrar com ele no além:

Carl Nielsen faz parte de um seleto grupo de últimos românticos europeus.

Esse fim de semana, no Eruditália, a segunda sinfonia de Carl Nielsen comentada.

Belíssima apresentação!

O projeto Eruditália nõ pode faltar na programação cultural italiana.

Parabéns!