CARTA A S.M.R FRANCESO III

Toda a chave da administração italiana, Excelência, passa pelo Senado Real. Posso até propor leis, mas não posso aprová-las. Não posso de fato governar por decreto.

A única tarefa que me cabe é a chefia do executivo, a qual compartilho com Sua Excelência o Primeiro Ministro que, assim, governa em nome de Sua Majestade.

O Premier tem autoridade para coordenar as ações do executivo, vosso colega portanto, porém ao Senado pouco posso fazer.

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Excelência,

Primeiro, esta Coroa NÃO compartilha da atual letargia política e nem do modo como Vossa Excelência está tentando resolvê-la. Não brinco no trono, excelência, eu respeito o trono.

Sempre ouvi meus súditos, ao longo de todos esses anos. Se gastar um pouco de seu tempo vasculhando as mensagens publicadas pelo Gabinete Real verá isso. Fale sim o que deseja falar, mas informe-se antes.

Essa semana foi cassada a microcidadania do Duque de Catanzaro. Ele foi o homem que presidiu nossa constituinte, que deu início ao senado, aos partidos a toda a estrutura política da Nação e, mesmo assim, foi cassado. Sabe por que? Porque ninguém - repito - ninguém está acima da lei nesse país.

Parece ser comum na lusofonia o rompimento da ordem institucional. Rompem-se tratados e leis com a facilidade com que se troca de roupa. Mas não na Itália.

Já houve tempos, Excelência, em que fiquei aqui, sozinho, mas pacientemente mantive a nação e ela se reergueu. Eu vi várias nações surgirem e desaparecerem e sabe por que? Por que aquelas coroas ou presidentes não acreditavam de fato em seus projetos, por aquelas sim não agiram como poderiam tê-lo feito.

Entenda uma coisa, Nelson, EU NÃO ESTOU ACIMA DAS LEIS DO PAÍS, sou parte do país.

Não solicite que a Coroa faça algo que é atribuição de ministros - o senhor é um deles - e do senado real. A minha parte eu tenho feito, religiosamente. Promulguei as decisões do senado, nomeei o corpo aristocrático, mantenho os sistemas do reino, entreguei o sistema econômico online funcionando, estimulei a imprensa, enfim, a Coroa fez a parte que lhe cabe. Entenda: não amo o poder, não temo o poder, eu exerço o poder.

Quer mudar algo? Ótimo, sou vosso parceiro nesse desejo, porém não no modo como deseja fazê-lo. Quer que as coisas mudem, pois então articule-se politicamente e chegue ao Senado Real e, lá, faça as mudanças acontecerem. Mas sempre em acordo com a lei e jamais à revelia delas. Se na lusofonia sempre foi praxe a violação da lei, aqui na Itália tenho orgulho em dizer que não o será.

É hora do micronacionalismo evoluir a um novo passo, àquele em que a cidadania saiba utilizar os mecanismos do país para promover mudanças. Tudo no micronacionalismo lusófono foi feito sempre aos socos e pancadas, com gente discutindo, saindo de nações, desistindo, brigando, etc e por que? Porque simplesmente não sabiam usar os mecanismos do próprio país.

Pense da seguinte forma: se algo não vai bem no Brasil, Vossa Excelência seria favorável em que nossa presidenta tomasse o poder? Eu não, e olha que sou partidário dela.

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