AAH - Clube de Debate Político

É realmente notável o quanto as pessoas podem ter em comum, e isso um pouco provém de nosso gosto em comum - o micronacionalismo - pois reúne características que fazem parte de um gosto mais "Nerd". Creio que seja realmente um ponto a se considerar esse mapa de interesses comuns no Reino, pois evidencia a população que aqui temos e o que somos, tanto em micro quanto em macro.

Na sexta-feira passada me retive em um debate com meu professor sobre o tal do Pokémon GO, a aula era de 'Análise da Conjuntura Nacional e Internacional' como sempre o Felipe não consegue largar humanas, apesar de fazer Física. Bom, trocando em miúdos o debate era sobre o famoso e interessante "gadão humano" que somos, sempre levados a ir ou voltar de um lugar ou outro por interesses maiores de corporações maiores. E nessa pegada houve o comentário sobre como o Pokémon GO pode fazer isso também e etc. O que não vêm ao caso no momento. A parte que nos interessa na discussão é um ponto que me veio a mente naquele momento e que acho interessante expor aqui:

O momento que vivemos, isso num âmbito mundial, é de um 'empoderamento Nerd', sim, e eu digo o porquê. Vamos começar por onde tudo começou, a internet, hoje temos um acesso incrível à essa ferramenta apesar de muitos não terem acesso, a realidade é de que a maioria da população utiliza e com frequência. E ao entrar em cantos mais populares dessa ferramenta temos hoje um YouTube que mais que transmitir músicas hoje é um canal de entretenimento muito utilizado para entreter, apesar da faixa etária principal ser outra, muitos dos vídeos são interessantes ou contém um humor um pouco mais adulto. E o grande início desse poderio Nerd aqui no Brasil começou por ali, com o site Jovem Nerd por exemplo, que é o maior expoente Nerd do Brasil creio eu, esses dois residentes de Curitiba trazem informação, diversão e cultura Nerd a nossos olhos e ouvidos, E creio que aqui no Reino, quase todos o conheçam correto? Isso indica provavelmente mais um ponto para nosso coeficiente "n" de nerdice.

Sendo mais recente, o movimento vêm ganhando forças com o cenário mundial impulsionando, pois temos aí filmes - e diga-se de passagem inúmeros - que retratam um mundo extremamente Nerd que são as HQ's, esse movimento globalizou a cultura Nerd que hoje em dia eu posso afirmar ser já parte de um CULTURA POPULAR CONTEMPORÂNEA, sim, nossa amada cultura Nerd que um dia já foi rejeitada hoje é cultura popular, vide os milhares de adolescentes que cultuam Harley Quinn sem nem mesmo saber que é uma pobre coitada e escrava sexual e mental do Joker. Bom, quer algo que indique mais "Cultura Popular" do que uma leve pitada de acefalidade?

Um último ponto a ser discutido é o da cessão de locais tradicionais para a cultura Nerd, o cinema apesar de ser global é também um espaço que sempre acolheu a inovação, a internet tem por bases a criatividade e a inovação. Mas e a televisão? Lar da tradicional família brasileira. Sim, meus queridos amigos micronacionalistas, o SporTV passou a final do CBLOL 2016 (Campeonato Brasileiro de League of Legends) fez reportagens e tudo mais com os e-atletas, tinham comentaristas e narradores e o mesmo fez com a final do Campeonato Mundial de CS:GO lá em Colônia na Alemanha. A televisão enxergou o lado lucrativo das coisas, onde não mais somente os jovens são fãs de jogos, os jovens de 1990 agora já não são tão mais jovens, e os jovens de hoje bem... são jovens. Mas o que os mantém unidos é esse gosto incrível pelos games.

E nós? Bem, o micronacionalismo é fruto desses jovens de 80 e 90. Alguns jovens de 2000 também. Mas a pergunta que acho que posso tirar desse debate local de Pokémon GO e trazer um mais global para nós é:

Os jovens futuros terão mais, ou menos gosto pela nossa atividade?

É um tema Nerd, estratégico e principalmente trabalhoso, mas especialmente recompensador pelos prêmios que nos são dados. E não digo títulos, mas digo em virtudes.
Mas também temos uma geração cada vez mais vazia em responsabilidade e em alguns pensamentos mais profundos sobre alguns pontos que nos são necessários para a nossa prática.
Eu creio na minha geração. Mas não aposto nela.

Bom, eu não sou nerd, então... (risos) Como eu amo falar ou escrever que não sou nerd! Sempre gargalho com isso! Os maiores enganadores de nós, somos nós, afinal...

Desde que “Nerd´s is the new black” que vimos surgir uma enxurrada de coisas. E ninguém que ficava esperando dar 18 horas para ver Star Trek na extinta Tv Manchete e ter somente os livros da coleção Vagalume como acessíveis pode reclamar do que se tornou o mundo neste sentido. E uma das grandes questões aqui é que até aquelas pessoas que nos anos 90, no ensino médio, não estavam sendo os “invisíveis ratos de biblioteca” acabaram por assumir um consumismo de cultura pop, em algum nível ou escala. Filmes de super-heróis lotam! Filmes atuais de Star Trek (quase uma blasfêmia para alguém como eu) lotam e é bom que lotem. Filmes Star Wars lotam... Seriados como Stranger Things são sucesso! Canais de comentários de jogos no youtube fazem sucesso... Jogos vendem milhares e milhares de cópias em semanas ou dias. E realmente ver um canal como o SportTv televisionar campeonatos de jogos é muito, muito legal! Sem falar que estamos vivendo a “era de ouro” dos consoles! Assim como tivemos a era de ouro dos quadrinhos agora temos a era de diamante da nerdice, e é claro que isso vai trazer um aumento no leque, desde uma sensualização e sexualização da nerdice (apesar de muita coisa sempre ter sido erotizada – e não estou reclamando de nada) até o “sonho por se tornar nerd” pois uns caras como Gates e Jobs terem dado no que deram.

Claro que tudo pelo consumo, muitas das pessoas que passaram o ensino médio isoladas em um canto sendo “aquela coisa estranha” se tornaram consumidores, muitas vezes dedicados e fieis, daquilo tudo que sempre quiseram ter na infância e não tinham como ter. Quando nos anos 90 tivemos um “boom” do RPG, com livros caros esgotando rapidamente foi um “vislumbre” do que estava por vir. Foi algo assim: “há cinco anos male male se encontrava um rpg de livro individual (aqueles em que você vai lendo e pulando de página em página com as decisões), mas agora se encontra tudo que é RPG de mesa, livro, bonequinho e tipo de dado que se sonhava!” Senhor dos Anéis então, foi uma loucura! De repente se tinha como comprar o bendito do livro! E pouco tempo depois os filmes fizeram grande sucesso! Só para via de “visualização” basta comparar o que foi a estreia de um Senhor dos Aneis com a importância que se dava a um “Feitiço de Aquila”. Ou o quanto se vende hoje de miniaturas colecionáveis, tendo até lojas especializadas, do que se conseguia de bonecos Willow nos potes de Toddy. Ou mesmo a coleção dos Flintstones que vinham em bandejas de Danone.

Em partes temos a situação de parte desta geração hoje estar na casa dos 40 anos, por outro lado temos gente na casa dos 30 indo em frente e batalhando, consumido “nerdices” e impulsionando o mercado de cultura pop. Mas o pessoal dos 20 é que preocuparia. A “Gen Z” ainda não conseguiu mostrar a que veio e se envolve em uma apatia e um certo despreparo para lidar, principalmente, consigo mesmo. A questão aqui é: se nos anos noventa o “nerd” era aquela pessoa introspectiva que se viu forçada a lidar com tudo que é dificuldade social, nos anos 2000 isso já é um pouco moda, já é acessível, mas também já é frágil e não traz o aspecto de reflexão. Então começam as questões sobre a totalidade deste assunto, que é complexo.

Sobre a pergunta em si, há nela muita coisa complicada pois, a princípio, qual é “nossa atividade”? Se estamos falando de micronacionalismo, é complicado pois se por um lado a nerdice vive seu “El Dourado” por outro falta aos novos a fibra, o comprometimento, a iniciativa e o engajamento que temos por ideologia! Talvez seja o grande “ponto” pois no micro nada é senão por ideologia. Aqui não tem ganho de grana, nem de status, nem de glamour, nem de nada neste sentido. O ganho é grande, mas é pessoal e por princípios, e ai nos surge a questão: “será isso que os jovens nerd´s querem?” A própria abordagem hoje vista no Jovem Nerd e muito mais popular que pop. Ou talvez esteja indo de encontro a uma popularização do pop. Não falo isso como crítica negativa, são vários colunistas ali, é uma empresa com fins lucrativos, tem um peso enorme na cultura pop, é bacana e tudo... Mas...

A explosão e as luzes se virando para nos, nerds, também fez surgir uma população de pessoas que acaba consumindo sem o propósito. Não estou falando em quais escalas isso é bom ou ruim, apenas, que acaba se tornando difícil isolar o “Gene N”. Assim como abre campo para um consumo de coisas que anteriormente era “coisa de Nerd” mas hoje é popular, mas este pessoal não é, essencialmente público para “coisas nerd´s”. Já tem bastante tempo que o micronacionalismo deixou de ser “grupinho de nerd para debater semelhanças entre Tolkien e Wagner, assim como procurar semelhanças entre Bradley e Rowling”. O micro se tornou um negócio que tem sugerido, a nós, ser alguma coisa que precisa daquela “velha fibra” que só os “diferentões” conseguiram desenvolver. É onde sempre penso que precisamos tentar resgatar alguma “graça” do RPG para o Micronacionalismo a fim de tentar permitir a entrada de sangue novo. E não só a entrada como também cativar e manter o padawan.

Leiam...

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/the-new-york-times/2016/08/16/autoridades-gastam-muito-na-olimpiada-mas-moradores-do-rio-estao-pagando-o-preco.htm

Interessante o que foi dito ai, mas por que isso não ganha a mídia? Por que é melhor falar mal de pokémon go. E por que isso? Culpa nossa, que ligamos nossas TVs e damos audiência para essas olimpíadas (e sim eu sou um desses).

No meu ponto de vista a população devia ser consultada se queria esse tipo de evento em seu país.

Em tempo, como eu disse preferem falar mal de pokémon go...

http://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2016/08/16/jogar-pokemon-go-pode-atrapalhar-sua-carreira-veja-o-que-diz-especialista.htm

Quem que trabalha em linha de produção e vai ficar com o celular, isso chega a ser até irresponsabilidade da empresa.

Para enfrentar este silêncio nas ruas italianas, peço licença a este Forum para mais uma vez propor um tema.

Recentemente um assunto importante ganhou espaço nas mídias e bate-papos, mas não vi por aqui. O que acham da proposta de aumento do teto da jornada de trabalho diária? Vou colocar o link de uma reportagem para o caso de alguém não saber sobre o assunto e aí agente pode ir evoluindo sobre o assunto.

Individualmente não podemos muita coisa. Nem contribuir nem opor. Mas é bom, eu acredito, refletir e se posicionar sobre os assuntos e, na coletividade, isso faz a diferença. É minha esperança rs