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AAH - Clube de Debate Político
- Líryan Umbria (liryan)
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O que estou falando Fernando é que as coisas se separam, sistemas políticos de povo. A democracia moderna é um sistema ruim pois possibilita todos opinarem, e ao contrário do que isso possa sugerir, não, isso não é bom. Nem para o Estado e nem para o povo. É como você entrar para uma sala de cirurgia, dai você será operado entende? Só que há ali 5 médicos e 250 pessoas que não viram nem biologia no ensino médio. Dai os médicos dizem que o procedimento a se realizar para salvar sua vida é o "x" mas as pessoas, as 250, movidas por seus achismos, o que pesquisaram na internet e na crença pessoal, votam que não, que o procedimento é "z" e assim, e como isso, você passa pelo "z" e, morre, claro!
Aqui entra a diferença que falo entre povo e sistema. Uma coisa é o povo, outra é o sistema. Eu me lembro, ainda que pouco, do "clima" da ditadura. E não estou falando também que a ditadura, hoje, seria um sistema melhor. Pois o povo é o mesmo, então em muitos pontos seria pior para este ou aquele grupo. Mas não para todos olha que curioso...
Bom, estou dizendo que o sistema em si não é de tudo o que há de mais importante. Estou dizendo que uma sociedade evoluída e naturalmente liberal, guiada pela ciência e lógica, poderia muito bem construir uma sociedade livre dentro de uma ditadura. Da mesma maneira que uma sociedade atrasada, repressora e movida pela fé (como temos hoje) constrói a sociedade que temos dentro da democracia (com a suposta liberdade para tudo e todos).
Só isso.
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- Fernando Bórgia (Fernando Bórgia)
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Achoo que o que você disse se adequa na Venezuela, já que lá o povo não tem muita consciência política e acreditam num regime autoritário. Aqui no Brasil é mais difícil ter um regime como o venezuelano, pois sabemos o que o socialismo marxista fez na União Soviética e temos liberdade de imprensa e expressão, e boa parte da população sabe das vantagens de se viver numa sociedade democrática e livre.
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- Líryan Umbria (liryan)
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Não falo só de índice de escolaridade, apesar dele ser um fator significante (ou de sua qualidade, mais importante que seu número). Mas neste ponto falo sobretudo, de inteligência, e em inteligência eu descrevo como sendo: a capacidade de compreender o mundo à sua volta, se situar nele e dentro disso conhecer a si, suas emoções e ter ciência do impacto dos desejos dentro do mundo à sua volta. Claro, no brasil não temos nem um povo inteligente e nem instruído (na escola). Mas não só no Brasil, eu realmente estou falando de humanidade.
E não estou defendendo marxismo ou sistema totalitários. Como disse, o sistema é meio "pouco importante" quando falamos de humanidade. Talvez a diferença esteja na "combustão" do sistema. Por exemplo, vimos o que rolou em países marxistas, em países ditatoriais... A "combustão" destes sistemas é muito mais rápida do que a "combustão" de um sistema democrático como temos hoje. Mas não significa que o nosso pavio não esteja acesso.
E ai vamos chegar a um ponto que começamos a ver de longe, hoje: jovens que realmente não fazem ideia do que é uma ditadura a defendendo enquanto sistema. E há muita diferença disso para o que estou falando. Eu estou falando, basicamente, que o sistemas são menos importantes que as pessoas nele. Estas pessoas que defendem da ditadura alegam que o sistema "ditadura" é melhor que outro sistema existente sem considerar a mudança do meio social. E aqui nós temos o "x" da questão da combustão democrática que existe e incide sobre uma democracia regida por um povo que não tem nem escolaridade e nem inteligência.
O que pode nos levar a um retrocesso severo, caso em um momento de crise (financeira) ou grande quebra, este povo (e ai sim - brasileiro) poderá pender para sistemas autoritaristas. Especialmente "autoritarista-religioso" dada as bases que veem se formando na nossa política de poder religioso das igrejas fundamentalistas cristãs protestantes.
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- Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia (Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia)
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- Marlon Bionaz (marlon)
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Sem Lutero, e outros ícones líderes, que começaram a demolir a sacralidade da aristocracia já nos anos 1500 e nós nunca teríamos uma Revolução Francesa. Nós sempre teríamos o valor ideológico da burguesia reprimido e restrito aos burgueses, as massas continuariam sendo moldadas/formadas pela classe dominante, naquele tempo, a Aristocracia. Hoje somos todos moldados pela ideologia burguesa, mesmo sendo via de regra explorados pela burguesia, assim como os camponeses eram pela santa igreja e pela aristocracia européia.
A ideia de uma humanidade molenga, capenga e alienada dos sistemas dominantes é algo muito difícil de se sustentar, na minha modesta opinião.
Quanto a anarquia, é uma proposta interessantíssima, mas nunca consegui deslumbra-la como não-ideal. Me lembro das leituras empolgadas de Bakunin, que desce o pau sem dó na ideia de ditadura do proletariado, mas quando você lê com cuidado a alternativa apresentada e olha para as experiências revolucionárias da Rússia e da Espanha sente dificuldades em vislumbrar o anarquismo como alternativa viável para combater o capitalismo. No século XX o anarquismo perdeu a queda de braço na própria esquerda para se apresentar como via, mas para o século XXI sempre ameaça retomar o folego, mas de uma forma que eu ainda acho capenga. Cito como exemplo as ações dos protestos neste ano, que eu presenciei ao vivo.
Numa das noites de fúria em São Paulo, após a violenta resposta da PM que foi seguida pela adesão em massa de populares aos protestos, com a retirada da PM das ruas, os blocos de tendencia anarquista se dirigiram para a frente da prefeitura municipal com o intuito de ocupa-la, ou depredar o máximo possível. Aos anarquistas se juntaram ladrões, bandidinhos, viciados em drogas e gente de periferia ou disposta a assaltar os bancos e lojas da região ou a deixar o máximo de marcas possíveis da periferia ali na região central de São Paulo, fora os curiosos e moralistas. Me incluam no grupo dos curiosos hahaha. Me lembro de ter presenciado um debate curioso, entre um grupo black bloc e um estudante de Ciências Sociais, que questionava o porquê de apedrejar a sede da Prefeitura:
- Porque nós somos anarquistas, a gente aderiu essa tática contra o sistema e vai leva-la as últimas consequências.
- Então vocês são anarquistas, né? E quantos anarquistas você já leu?
- ...
- Eu antes de estudar fazia a mesma coisa que vocês, cara, mas agora eu entendi que a ideia é mais profunda, que é outra coisa, que...
Neste momento, o rapaz encapuzado deu as costas, se abaixou, pegou mais uma pedra portuguesa e voltou a alvejar a prefeitura. A cena me fez rir ao mesmo tempo em que me deixou triste. Falta orientação teórica/contra-ideológica a maioria dos membros dos grupos que já se dizem adeptos do anarquismo. O que diabos aconteceria numa sociedade como a nossa se grupos de viés anarquista conseguissem viabilizar a tomada do poder e a transformação da sociedade?
Não há transição nenhuma na anarquia, pelo menos que eu conheça... é um salto muito, muito grande em direção ao que é tratado como objetivo último, final, ideal das ideias do Marx de comunismo total. Eu desconfio profundamente, mas ainda estudarei com mais cuidado.
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