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Literatura da Madrugada

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30 Jun 2018 04:24 - 30 Jun 2018 04:27 #39356 por Felipe Bionaz (felipepoletto)
Respondido por Felipe Bionaz (felipepoletto) no tópico Literatura da Madrugada
ZÉ NINGUÉM
TAVERNA DO HOMEM COXO

O som da flauta e do tambor eram altas naquela noite de inverno, nessa região insular, onde tudo o que se precisa para morrer é respirar a noite no local errado. Mas se há um espaço para se estar sem temer a morte é a Taverna do Homem Coxo, muita bebida barata, jogos de azar e boas histórias de marujos mentirosos que se gabam de feitos que nunca fizeram.

Ah. O doce som do mar que vem da região leste, instigando a esses velhos homens que em seus áureos tempos já participaram do velho mote da pirataria. Hoje, entretanto, são porcos sujos, jogados no canto de uma taverna que está no canto do mundo e no canto de suas almas esquecidas alguns se lembram de boas histórias, uns dizem ser lendas, outros dizem ser a verdade. Cada macaco no seu galho. Cada marujo no seu convés. E cada um com suas verdades, acredite você nelas ou não.

E é nesse ambiente, numa mesa central da taverna, que se encontra o marinheiro Flick, um homem velho que conta histórias de peixes descomunais que pescou, de grandes locais que pilhou e das centenas que matou. Alguns dizem que ele é somente um pescador com bons dotes para a mentira. Mas você acreditaria numa taverna cheia de mentirosos, falando sobre a mentira alheia? Bom, eu não sei em quem acreditar. Mas o que se pode ver, é que nesses dias de inverno, quando dentro da taverna rufam os tambores, e lá fora rufam os trovões, Flick reúne os homens, mulheres e crianças para contar alguns de seus bons jargões.

A música ia alta quando o velho barbudo solta um grito de convocação, forte e grosso como sempre, com seu jeito peculiar de se comunicar, com vários erros de pronúncia, o velho diz para todos se reunirem, afinal, a história dessa noite ia começar.

É possível ver que muitos se aproximam daquele senhor que tinha fama de ser um bom contador de histórias, ele está sentado numa cadeira, com as pernas abertas e um olhar de como quem já nem lembra como voltar embora, devido a embriaguez, sua voz é rouca e forte, com uma barba grisalha que lhe vai até o pescoço e que está desgrenhada. Ele usa um gorro na cabeça para esconder sua careca proeminente, e lhe faltam alguns dentes na parte da frente.

Mas e de que valem os dentes se a língua é afiada? Essa é a pergunta que há anos me faço ao ouvir ele contar suas histórias malucas. Afinal, ele sobrevive dessas pequenas ações, desses dias de chuva – que não são poucos por aqui –, onde ele conta suas anedotas.

- Ocês tudo já ouviram história boa, mas a de hoje vai ser mió. – diz o homem enquanto come alguns pedaços de pão seco. – A de hoje é a história de um home que ninguém sabe quem é, uns dizem que viram, outros dizem que conhecem, mas poucos tiveram a chance de conhece, igual eu conheci.

Nesse ponto, a plateia que é composta por duas crianças muito interessadas na história, dois bêbados que provavelmente já perderam o sentido da vida, um cachorro, o taverneiro e eu. E eu não sei porque ouço esse velho contar essas histórias ainda.

- Esse home é um mistério, mas eu conheci ele quando era do tamanho do cês criança, eu era amigo desse home. Brincava cum ele chutando os mato, atrapaiando os homem que trabaiava na prantação. Ele era meu amigo de verdade. Nome dele, eu num sei, num lembro. Mas todo mundo chamava ele de Zé. Zé pra cá. Zé pra lá. O Zé tava em todo canto mas nunca tava lá de verdade. Porque se precisasse do Zé pra trabaia... Aquele filho de uma sardinha tava sempre iscundido.

As crianças dão um leve sorriso com os pequenos insultos do velho Flick, que enquanto fala, faz alguns gestos extremamente teatrais, mas não necessariamente os de um bom ator. Talvez seja isso que eu goste no velho marujo, ele sempre distrai as crianças nesse mundo doentio, é uma característica louvável.

- Criançada, ele era bão em si iscunde, dava até raiva! Eu tinha que trabaia pur mim e pur ele, ele si iscundia de mim, si iscundia do pai, si iscundia do pai dele, si iscundia até do patrão, sô! Era duído trabaia naquele sol puxado. Foi naqueles tempo que eu fui sonhar com o mar, pra nunca mais ter que coiê arroz na vida.

Flick nesse momento parece dar provas vivas de que realmente o que houve com ele era um episódio real, afinal e pela primeira vez, haviam provas do que ele falava. Afinal o principal ramo de comércio da ilha, é o do cultivo do arroz.

- Mas óia, a história dele é de assustá. Ocês não vão se borra né? Porque eu não limpo fralda de ninguém, sô. Quero que ocês me digam se querem ouvir história de mardade essa noite. Se não, eu nem começo.

S.G. Felipe Bionaz

Barone D'Aosta
Cavaliere della Ordine di Garibaldi
Sodetto della Corona Italianna
Last edit: 30 Jun 2018 04:27 by Felipe Bionaz (felipepoletto).

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30 Jun 2018 20:21 #39363 por SMR Francesco III Pellegrini (Francesco)
Respondido por SMR Francesco III Pellegrini (Francesco) no tópico Literatura da Madrugada
Muito bom texto, Barão d'Aosta!

:)


S.M.R il Re Francesco III Pellegrini d'Italia
Re Costituzionale e Difensore Perpetuo d'Itália
Protettore della Serenissima Repubblica di San Marino e dell'Ordine di Malta.
Duca di Bologna, Catania, Palermo, Torino, Napoli,
Reggio Calabria, Firenze, Taranto, Perugia, Benevento, Aquila e Cagliari.
Duca di Smirna, in Pathros
Duca di Dumfries, nella Scozia
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Gran Maestro dell´Ordine di Garibaldi
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Cavaliere Gran Croce dell'Ordine della Perla Nera, Pathros
Cavaliere Gran Croce del Sovrano Ordine di Merito Militare, Francia
Cavaliere Gran Collana dell'Ordine della Croce di Ferro, Germania
Cavaliere Gran Croce della Più Antica e Più Nobile Ordine di Mandela, in Brigancia i Afrikanda
Gran Collana del Sovrano Ordine Imperatore Carlo Magno, Francia
Cavaliere dell'Ordine dello Sperone d'Oro, Vaticano
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Cavaliere Maximae Virtus dell´Ordine Massima di Borbone, Riunione
Cavaliere del Sovrano Militare Ordine di Giovanna d'Arco, nella Francia
Patriarca dalla Famiglia Pellegrini
"Pax, Vita et Honos"

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