O X DA QUESTÃO

Eu sou um dos que não participa de debates assim e vou explicar meu ponto de vista;

Partindo de um debate onde o tema seria digamos o impeachment da presidente Dilma.

O pessoal que não é favorável com tal situação vai sempre ter argumentos contrários ao impeachment e pessoal favorável a ele vai ter argumentos do por que tem que ser feito, MAS...

Um não vai conseguir convencer o outro pois nesse sentido já possuem opiniões formadas e só irão ficar se desgastando com tal assunto.

Resumindo, quem apóia o impeachment não vai deixar de apoiar por qualquer argumento de quem não apoia o impeachment e vice e versa.

Pra mim ficar debatendo isso é apenas desgastante e gera conflitos desnecessário a contar de que nada do que falarmos ou dissermos aqui vai mudar o rumo dos acontecimentos, se ela sair ela vai sair independente do que que for falado aqui e se ela ficar vai ficar independente do que falarmos aqui. Nada vai mudar no futuro com nossas palavras.

E pior no primeiro dia após a decisão (seja saindo ou ficando) nossas vidas vão seguir as mesmas, com contas, trabalho, estudos e tudo o mais.

Lembrando o bigodudo do Niet: “O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno”. Que me lembrou Abu: "É impossível discutir com quem tem paixão".

Não estou falando de "impítimá" estou falando da democracia, de cultura, de uma sociedade que cria uma cultura que na verdade não é exatamente democrática pois se desconhece quando se vê situada em uma "democracia" que se limita a ser a "voz do povo". A crítica que faço, os crivos que precisam existir é para todo mundo, é apartidária... Eu não falo deste ou daquele que votou nisso ou naquilo. Eu falo de todos! Pois todos se envolvem, todos estão "juntos e misturados".

Há cotas, sim. Por isso uns precisam de "x" votos para entrar enquanto outros precisam de "10x" então é como não precisar receber votos se você estiver "no lugar certo". Ou nas costas do "Tiririca certo". Mas nisso nem tem muito como ser muito diferente pois há toda uma estrutura falha ao redor. É todo um conjunto, é toda uma cultura. Não estou falando que um é mais certo, que outro ou melhor, estou dizendo: todos estão errados, mais claro que isso não posso.

Sobre o que quero dizer enquanto qualificação ser mais importante que "opinião de maioria", que eu, muito sinceramente, cometi o erro de acreditar que fosse uma postura de raciocínio lógico simples. Basta um exemplo simples: um enfermo, cem pessoas o observam. Das cem uma é médico, ou seja, 1% das opiniões é de um médico (a pessoa qualificada para tratar um enfermo). Sob as queixas do coitado os 99% começam: chá disso, simpatia daquilo, leite com sal, água com limão... Resolvem entre si, votam, e a maioria dos 99%, vamos dizer 70 pessoas, decidem pelo "leite com sal" como solução para o enfermo. Podemos até imaginar as outras 29 protestando: "não seus corruptos é para dar chá de carambola!". E ai o 1% diz: não façam isso! os sintomas podem indicar pressão alta, eu sei o que estou dizendo, pois eu sou médico, não deem o leite com sal!. É preciso levar o doente a um hospital, examinar, estabilizar o quadro para então decidir por um tratamento...

A vantagem deste exemplo é que ele explica a diferença entre iluminismo e idade das trevas, paixão e razão, certo e errado, democracia e ditadura... Talvez até direita e esquerda.

Sobre crítica, tudo tem que ser criticado! Sob crivo, até a razão precisa passar por ele! Investigar, procurar por erros, "buscar a luz", fazer diferente, aceitar o novo, ouvir o médico... não é em nada assustador, a menos que você esteja no medieval né, por que ai pode ser, bastante assustador.

Júlio,

Talvez, isso "E pior no primeiro dia após a decisão (seja saindo ou ficando) nossas vidas vão seguir as mesmas, com contas, trabalho, estudos e tudo o mais." seja tudo que há de verdade sobre tudo isso que vem se falando de política nos ultimos dias ou meses neste país. Claro que, apesar de impasses éticos, questões históricas, e tal... que no fim servem ao debate mas estão distantes da modificação da realidade como um todo.

E apenas lembrando de um gancho sobre o que escrevi acima, pois acabei de me lembrar, como é curioso que todas as grandes conquistas da humanidade e seus grandes feitos, como cura de doenças, melhorias de tecnologias, descobrimentos, desde modelos do universo, enfim, desde tudo... tenha surgido de "mentes isoladas", ou seja, minorias, que geralmente batalhavam contra a maioria confortável em seus sistemas. Impossível não pensar em Copérnico sobre toda esta relação, pois ele carrega um contexto ímpar para ilustrar tudo isso!

Tentando separar as descobertas do limão e as trevas do Copérnico... Bom, ainda estamos falando de eleições.

O exemplo do médico seria ótimo, se estivéssemos falando de uma pessoa e não de um país. Um médico talvez seja o mais indicado para tratar um doente, um médico reconhecidamente preparado e investido de qualificação, autoridade e responsabilidade no assunto.

Eu tenho 20% da Lotto Micro. Não interessa se sou formado em Administração, Contabilidade ou Economia, não interessa se eu trabalho, chefio, presido ou tenho uma empresa, na Lotto quem manda é o Rafael di Bonizio. Ele tem maioria das ações. É direito adquirido, é uma sociedade, é bem simples de entender.

Mas uma vez, Alteza, espero que esteja satisfeito por expor sua opinião. Infelizmente para mim os argumentos são fundamentais para continuar uma conversa desse tipo, na falta de argumentos básicos em sua opinião creio que posso dar segmento ao fórum.

Então, eu não falava de eleições eu falava de cultura e de política. Talvez aqui resida o impasse pois, apesar de eleições participar de cultura e de política, não é a mesma coisa. Então se eu falo de uma coisa e você de outra, não tem como ter um assunto. Serão sempre dois. Mas enfim, eu gostei sim da minha opinião.

Sabe, eu realmente gosto da minha opinião! Sério mesmo! E não é por ser minha opinião, mas por minha opinião ser um discurso comigo. Eu, quase sempre, escrevo para mim. Sério... Confesso que a maior parte das vezes eu nem leio tudo o que a maioria de vocês escreve. Eu meio que começo a ler e já vejo onde há paixão e ai já paro, ou vejo até onde não se poderá esclarecer por causa de um pensamento já engessado... Mas eu opino e escrevo para que eu leia! Pois ai já não me interessa o caso em si e sim a reflexão que estou fazendo sobre algo. Ou seja, não me interessa o fulano, me interessa a ideia. Claro que há nisso um narcisismo patológico, mas é funcional,então...

É funcional pois quando eu me leio e assim discurso comigo eu aprendo, eu vou além do que até então estava. Por exemplo, neste discurso comigo neste assunto, eu posso perceber como as opiniões de uma maioria pode ser danosas para uma minoria e como isso é fundamentalmente político! E claro, impacta em uma sociedade e na construção de um Estado.

Ai temos estes termos "direito adquirido"... Ai eu já fico pensando que se dessemos valor a "direito adquirido" como poderíamos ter vencido a escravidão. Se é que vencemos. Ou mesmo lidar com reforma agrária, ou como distribuir melhor a renda... Aliás, que mundo terrível a gente constrói baseado em "direito adquirido". É uma coisa tão medieval isso de "direito adquirido". Ai já estou discursando comigo, olha que legal! Porque ai já estou vendo como que uma opinião "de que existe um direito adquirido", que não foi levada ao crivo da razão, e também não foi criticada, pode levar o ser a se submeter a um regime que o prejudica (o enfermo que aceita o leite com sal pois a maioria disse que é o melhor e há um "direito adquirido" na decisão "democrática" da maioria e aquele indivíduo enfermo se vê um indivíduo democrático...) Enquanto quando eu me leio assim, como irei me ler daqui a pouco, eu vejo como está correta a fala do Abu, quando ele nos conta que a "vida é uma bobagem".

Sabe, parece que existe nisso tudo uma aceitação da "minoridade". Como se fosse correto "aceitar perder tudo por só ter 20%", ou "aceitar não ter terras pois elas são direito adquirido de alguém", "ou aceitar sofrer certas coisas por ser fêmea", "ou aceitar, ou ter de aceitar, um destino trágico porque a maioria assim quis". Ai eu vejo como este pensamento é profundo e como ele cria um Estado onde uma minoria de beneficiados se mantém com benefícios às custas do pensamento que incutiram historicamente naqueles que pensam ser uma maioria. É claro que isso é terrível, em se tratando da construção de um país, e talvez isso seja mais terrível que minha disposição em discursar comigo.

E claro que pode dar segmento ao fórum! Não ligue para mim, estou falando comigo!

Ps: E isso tudo me fez lembrar de Harriet Tubman "Libertei mil escravos. Podia ter libertado outros mil se eles soubessem que eram escravos." (isso depois que me li)