Caverna Filosófica Night Pub

Tanta coisa pra comentar, mas tanta coisa. Prometo, Líryan, um dia ainda retruco aquela tua primeira resposta.

Por hora, deixo esse vídeo:

Então, o Prof. Clóvis de Barros Filho é um filósofo absolutamente divertido de se ouvir, eu, pelo menos, vejo assim. E vejo nele também uma capacidade de contextualizar para tentar levar o conhecimento filosófico a quem nunca nem leu um livro sequer de filosofia e este caminho é um que venho tentando buscar.

A partir deste vídeo podemos ver a importância de pressupor e considerar que, não tendo o ouvinte nenhum conhecimento filosófico, precisamos explicar a fundo e a rigor os significados das palavras para que, depois, possamos explicar a ideia. Nem sempre fazemos isso pois, muitas vezes, pressupomos que o outro sabe do que estamos falando.

Esta questão do limite da tolerância é realmente uma questão importante, mas precisa ser muito bem trabalhado. Todo mundo com mais de dois neurônios sabe que, apesar dos gritos, o Brasil não é um estado laico e Clóvis nos presta o trabalho de explicar os motivos, ou alguns deles, para que não seja.

A reflexão sobre intolerância e tolerância é muito importante, o vínculo com a moral e, tendo faltado apenas, o vínculo da ética no seu papel de regular a morar, para assim poder - lá no final - regular o limite da tolerância. Porque, para ficar mais claro: quando somos intolerantes com relação à severa surra que a velha sofre, e por isso agimos no sentido de impedir a surra, sendo intolerantes à violência causada, nossa ética está regulando nossa moral e está preservando a integridade da velha (não a nossa - isso é importante). Mas quando agimos no sentido de tentar impedir a manifestação de uma posição sexual, a intolerância é à manifestação cultural e não está vinculada a assegurar a liberdade e integridade do outro, está vinculada à imposição de uma moral, não regulada por ética, pessoal e a todas as pessoas.

É visível que esse vídeo é parte da palestra, e no resto da palestra ele faz essas e outras pontuações. Mas achei essa parte muito pertinente, já que vi neonazis utilizando esse discurso de tolerância pra propagarem discurso de ódio.

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Ódio é algo fácil de se propagar, a "fórmula" é simples: aquilo que você não gosta é errado, o que é errado tem que deixar de existir. E nisso vemos como é simples a guerra, e como é complexa a paz.

A guerra existe apenas com a tentativa de impor sua vontade, a paz requer reflexão sobre a vontade do outro, a ponderação sobre o quanto ela te limita - se é que limita - a reflexão sobre ética e moral, sobre a aceitação do que lhe é diferente, sobre a aceitação daquilo que é natural ou comum mas que sua moral particular não adota então você tem que se expressar sem impedir a expressão do outro...

Guerrear é muito mais simples que pacificar, para guerrear basta um "meu lado é o certo aniquilemos os demais" que é a linha de pensamento atual da massa protestante religiosa brasileira. Pacificar é absolutamente complexo!

"Neonazis" só por se "entenderem" "neonaz" já se colocam quase um século atrasados na história da humanidade. Não há muito - infelizmente - que se discutir com uma pessoa que coloca a si mesma, normalmente por paixão a algo, um século atrás no desenvolvimento histórico da humanidade.

Nessa mesma palestra, o prof. Clóvis fala sobre o amor e o ódio segundo Spinoza. Aquilo que me causa tristeza e sei que é aquilo, eu odeio; por exemplo, as falas do Líryan me causam tristeza, logo eu odrio o Líryan por ele ser o causador da minha tristeza, mas eu aceitar que o Líryan é uma pessoa com direito a ideias próprias que divergem da minha me torna tolerante.

Sobre os neonazis, lembro de ter lido um panfleto comunista que diferenciava "nacional-socialista" de "neonazi". O primeiro se voltava tanto pra questão racial quanto a política; já o segundo era puramente a questão racial. Ainda dizia que qualquer um que se definisse como "nazi" ou "neonazi" não merecia crédito argumentativo.

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