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LIFA - Liceu Filosófico de Avola

  • Líryan Umbria (liryan)
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24 Jan 2017 00:15 #34700 por Líryan Umbria (liryan)
Respondido por Líryan Umbria (liryan) no tópico LIFA - Liceu Filosófico de Avola
LIFA
Sobre Ser

De maneira absolutamente sucinta explico que “Ser” na filosofia, apresentará dois usos distintos, um uso enquanto predicado, que identifica uma característica qualquer do Ser e um uso existencial, que nos permite pensar a existência do Ser. Enquanto predicado a característica do Ser estará relacionada a um “identificador por observação” ou “identificador por conhecimento” ou ainda algum outro “identificador”. Enquanto que como existente o Ser será aquele que ´’é”. E é exatamente aquele que “é existente” que nos interessa aqui.

Sobre Ser no sentido de existir, de que se “é existente” entrará em contato com uma investigação do Ser, e não parece ser complicado considerar que esta investigação passa a relacionar-se ao Ser que “é” em razão da existência que este próprio Ser manifestará. O Ser que “é” existe enquanto sua manifestação de Ser.

Aqui disparo nossa primeira pergunta: o que é ser mulher? Como predicado é simples, são os identificadores conhecidos e atribuídos como sendo “características de um Ser mulher”. Mas enquanto existência? Quando promovemos um vasto número de perguntas como: ser mulher é ter seios? Ser mulher é ter ovários, útero? É ter cólicas? É poder gerar vida em seu ventre? É ter uma característica “X”? Quando construímos estas perguntas as respostas positivas acabam por reduzir o “Ser mulher” ao uso predicado de Ser para “mulher”. Grosso modo, reduzimos a mulher a um conjunto de características qualquer de um Ser enquanto predicado.

O mesmo para homens: o que é ser homem? É ter barba? É usar calças? Te pelos pelo corpo? É identificar-se com um modelo “Y”? Todas estas características vão identificar o homem como Ser no seu uso em predicado, mas não no seu uso existencial. O Homem que “é”, que “existe” é uma existência de um homem específico, que “é”, e não que possui estas ou aquelas características.

Complicando um pouco mais, “homem” e “mulher” podem ser pensados, a mero título de analogia, como dois pontos distintos e extremos em uma mesma linha, ou em pontos paralelos em duas retas paralelas e, infinitas. Independente do “gosto”, interessa observar é que, falando em gênero, entre homem e mulher, existem infinitas possibilidades. Importante esclarecer que o entendimento de “gênero” aqui, para este assunto, é a noção de gênero social adotado por uma pessoa em razão do entendimento daquilo que ela “é”, ainda, levando em consideração ao posicionamento de “ser é tornar-se”. E talvez, apenas a título de especulação, podemos aqui pensar que os binários de gênero possam ser aqueles que “transcenderam ao ser que é tornar-se”. Aqui o gênero não é pensando em uma perspectiva de “predicado” e sim de “existente”, e para “existir” é necessário “tornar-se”.

Aqui retornamos às perguntas já declarando a preocupação delas enquanto “existência”: o que é Ser mulher? O que é Ser homem? O que é Ser “o que quer que seja – literalmente”? Enquanto predicado, voltamos a respostas prontas e enlatadas, meramente ilustrativas, voltadas à identificação de modelo. Mas, enquanto existência, precisamos considerar, primeiramente, o aspecto subjetivo do Ser que “é”. Ou seja, cada Ser que é (que existe) enquanto mulher, será a construção desta mulher a partir do Ser que, assim, “a será”. De igual forma o “oposto”, cada Ser que é (que existe) enquanto homem, será a construção deste homem a partir do Ser que, igualmente, assim “o será”. Transcendendo a este pensamento, aqueles que “se constroem e reconstroem” são todos os demais pontos daquela nossa linha infinita.

Ainda, temos que considerar que o Ser que “é” será o agente causador de sua existência, e que esta existência participará da construção deste Ser que “não nasceu mas se construiu” enquanto existente. Ou enquanto existência.

Por fim, voltamos às nossas perguntas, o que é Ser mulher? Ou, o que é Ser homem? Ou, ainda – lembremos da linha – o que é Ser? É sentir-se, talvez?

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28 Jan 2017 12:42 #34726 por Líryan Umbria (liryan)
Respondido por Líryan Umbria (liryan) no tópico LIFA - Liceu Filosófico de Avola
LIFA
O questionar.

Hoje li uma reportagem sobre um tradutor oficial da Bíblica, dos originais em hebraico, que alegou falhas e inconsistências nas traduções. Há muitos anos já havia conversado com um historiador das religiões que argumentou sobre como pequenas “modificações”, imperceptíveis a leigos, na estrutura de uma tradução podem conduzir a uma interpretação “x” (desejada por um grupo) sem poder ser considerada fraude ou algum tipo de modificação do documento em si, apenas e no máximo, poderia ser questionada como “má tradução”. Obviamente a apresentação de dados e fundamentação para este tipo de questionamento só podem se dar de grupos muito reduzidos da sociedade.

De qualquer forma quando pensamos em traduções, de quaisquer texto que sejam, e nos deparamos com diversas fontes e diversas traduções distintas, temos que ter em mente que algumas serão “melhores” num sentido restrito de reprodução da originalidade do que outras. E questionar o conhecimento que recebemos e suas origens é uma das grandes responsabilidades da filosofia.

Até aqui não quero declarar nada sobre Bíblica ou qualquer outro livro, não falo que está má traduzida nem nada (até porquê há gente muito mais qualificada que eu falando isso) o que pretendo é levantar um conjunto de questionamentos que me surgiram quando terminei de ler a reportagem, sobre o caso das traduções bíblicas e que pode ser encontrada e lida na íntegra no Caverna Filosófica Night Pub. Dito isso, seguem algumas perguntas...

Se uma dada pessoa deposita toda a sua crença naquilo que ela interpretou de um único livro, ou seja, se tudo que alguém acredita está fundamentado em conclusões sobre um único livro, o que será desta pessoa se, em algum momento, por qualquer motivo, por descoberto que o livro estava errado?

Se, uma pessoa se constrói moralmente e até humanamente, a partir de um único “código de conduta”, o que será desta pessoa se, em algum momento, for percebido que aquela é uma “moral errada a ser seguida”?

Quero deixar claro que não falo só de Bíblia aqui, não falo deste ou daquele código mora, não falo de algo específico, e sim, de se construir a partir de uma única fonte. Pode ser qualquer fonte! Mas, o que há de ser de um Ser que, tendo se construído sobre um único ponto de vista, percebe que está errado?

Será que este Ser poderá se “reinventar”? Qual a complexidade de possibilitar a reinvenção do Ser? Que amparo esta pessoa irá precisar no momento em que tomar ciência de que a base de sua construção está errada? E ainda, será que ela terá condições de se reconstruir? Ou será que simplesmente será mais cômodo “abaixar os olhos” e continuar naquilo, sabidamente estar errado?

Qual o impacto de uma construção social unilateral, para a pessoa que a adota, no momento em que se percebe que a base pode estar simplesmente, forjada, errada, equivocada?

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04 Fev 2017 12:16 - 04 Fev 2017 12:51 #34736 por Líryan Umbria (liryan)
Respondido por Líryan Umbria (liryan) no tópico LIFA - Liceu Filosófico de Avola
LIFA
Fascismo nosso de todos os dias...

Nos últimos dias, quem quis e quem não quis, pôde continuar a incursionar em uma jornada de ódio na internet brasileira. Mais recente, muitas pessoas destilaram seu ódio a uma senhora que havia sofrido um AVC, que a levou a morte. Não importa a dor dos familiares, não importa entender não conhecer efetivamente aquela senhora, importa manifestar ódio em função de uma imagem representativa desta mulher em um restrito aspecto político.

Um pouco mais de volta no passado, tivemos o caso de um garoto morto pela mãe por ser homossexual, vimos pessoas defendendo a assassina por ela estar certa em matar hnomossexuais. Ministros que advogaram para facções criminosas, e um grande número de jovens defendendo que um parlamentar fascista, machista, homofóbico, racista e que defende a “arte da tortura” seja candidato a presidente. Avançando um pouco no futuro, um fotógrafo foi coagido e preso por ter tentado filmar a abordagem de policiais a uma moradora de rua, que parecia desorientada e começou a se despir. Curiosamente, a ação do repórter poderia, até mesmo, ser usada a favor dos policiais se estes estivessem fazendo uma abordagem correta.

Em meio a isso tudo um flash piscou no túnel de ódio da sociedade brasileira: o abraço entre FHC e Lula, pois, afinal, Fernando Henrique Cardoso (ele sim) representa uma “direita política”. Tal como Luis Inácio da Silva, (ele também) representa “esquerda política”. Muito diferente, por exemplo, daquele nosso parlamentar que representa um “fascismo político” vindo das profundezas do ARENA e que se “traveste” de “direita democrática” para buscar colocar no poder uma versão “ligth” do fascismo por vias legais. Pois, novamente, FHC é um representante legítimo de direita política e neo-liberalismo. Mas o outro não, não representa direita e sim, fascismo.

Enfim, o abraço, o encontro entre direita e esquerda, nem se lembrando de que existe ali uma direita e uma esquerda. A ambidestria do abraço é humana, ninguém ali se interessa se o Estado deve servir ou ser servido, interessa a empatia para com alguém que, assim como eu e você, é humano. E a imagem ganhou foco, especialmente por seu histórico passado que remete ao ano de 2008 onde outra situação trágica promoveu outro abraço. Aqui, me pergunto: que pena que só situações trágicas promovam abraços humanos, não? E emendo: cabe a quem mudar isso?

Algumas pessoas declararam ter visto a foto ao som de “Image”, mas rapidamente esbarramos com a loucura da selvageria medieval, ataques de ódio, discursos de ira... E aos berros os desejos de que fascistas assumam o poder, o louvor a pessoas que torturaram mulheres, mataram crianças e simbolizam a imposição de uma “ordem minoritária”. Até aqui, penso, nada cristão! Muito pelo contrário, a heresia (aprendi a palavra ao ser corrigida por um amigo, eu usava “fundamentalistas”) se propaga! Pois além de fascistas são hereges, afinal os mesmos que cito como fascistas são também os mesmos que atualmente estão no “topo” da venda de indulgências, buscando utilizar da religião para a construção de poderio econômico e político.

Em muitos contornos o Brasil de hoje não é mais sobre ser cristão, espírita, budista ou cética. Não é mais sobre ser hétero, tradicional, LGBT ou unicórnio colorido. Não é mais sobre ser direita ou de esquerda, socialista, anarquista... O Brasil de hoje é sobre ser ou não ser fascista, é a questão!

E fechamos com os questionamentos: a que ponto é possível perceber a sociedade fascista à nossa volta? A que ponto é possível modificá-la, cotidianamente, a partir de nós mesmas?

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Last edit: 04 Fev 2017 12:51 by Líryan Umbria (liryan).

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07 Fev 2017 00:49 #34741 por Líryan Umbria (liryan)
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Who you gonna call?


Na noite passada recebi, de uma amiga, uma imagem que trazia um banco de madeira sobre um tipo de tablado, tudo sobre uma areia impecável, de frente para o mar. Para muitos a imagem ideal de “paisagem ideal”. Junto vinha a pergunta: “Se você pudesse se encontrar com qualquer pessoa e se sentar para conversar com ela neste banco, quem seria?”.

Corrigindo a paisagem que, para meu, gosto ficaria mais atrativa a uma conversa introspectiva em um ambiente mais frio, menos ensolarado, quem sabe com um vinho... Comecei a imaginar uma série de almas do passado, com as quais, eu poderia me sentar e teria uma conversa interessante. Entretanto o caráter de “importância da chance” (evocar apenas uma alma do passado), implícito na pergunta, me fez ter cautela e foi quando comecei a considerar que...

Se, por exemplo, eu viesse a escolher papear com Jesus? Pois dentre todos os mortos me parece difícil desconsiderar Jesus para um diálogo. Assim, se pudesse me sentar com Jesus para uma conversa franca, acredito que eu teria um papo com uma pessoa comum. Provavelmente ele me perguntaria mais da minha época do que me falaria da dele. E provavelmente se espantaria mais com o que viria a saber do que fizeram “em nome dele”, do que eu sabendo do que ele mesmo realizou. Talvez ele até se importasse em corrigir todo o equívoco, buscando me explicar que ele, Jesus, realmente quer é o amor entre as pessoas! Não as quer em templos dando dinheiro, nem fazendo circo político... E sim, na sociedade! Construindo boas relações, buscando distribuições igualitárias de recursos, acolhendo... Se envolvendo em projetos para melhorar as condições de vida das minorias, buscando meios de igualar, verdadeiramente, todas as camas sociais...

Mas no fim, tendo eu ligado para a alma de Jesus, e ele tendo atendido e vindo papear comigo em meu hipotético banco de pedra, sob a aurora boreal, depois do papo eu teria sido apenas alguém que tinha conversado com Jesus! E tudo que eu pudesse a vir falar sobre o que ele havia me dito certamente seria desacreditado ou deturpado.

Passei a pensar em alguém a quem eu poderia oferecer uma cerveja, (mesmo que não aceitasse) então pensei em Leonard Nimoy, mas então percebi que ele chegaria, eu o agradeceria muito e explicaria que o agradecimento era por todo impacto positivo que Spock teve na minha infância e vida. Depois nos sentaríamos e observaríamos a paisagem – eu evitaria alguma piadinha trekker, mas talvez, ele, não. Algo próximo rolaria com Carl Sagan, ele chegaria sorrindo, olhando para as cores da aurora, talvez fizesse alguma brincadeira sobre Física, eu talvez emendasse uma sobre Filosofia. Talvez ele, de forma propícia, citasse algo do Douglas Adams, talvez não. Sorriríamos e ficaríamos ali, após um brinde – ou não, observando a infinidade do universo enquanto refletíamos sobre nossa pequenez.

Me veio então, Oscar Wilde! Mas, verdade seja dita, eu e Wilde – ele recém evocado das sublimes profundezas de um lugar profundo, em uma paisagem linda, com um vinho? Sério? Nossas línguas certamente teriam muito mais o que fazer que ficar falando de Literatura, Filosofia, questões sócio-culturais ou qualquer outra coisa profunda...

Hannah Arendt, Gandhi, Ada Lovelace, Sidarta Gautama, Marie Curie, Aristóteles, Simone de Beauvoir, Homero – pelo menos saberia se ele era ele mesmo, Newton, Einstein – certeza dele ser chato, melhor seria conversar com a Mileva...

Os nomes se acumulam e se esvaem na mesma velocidade, mas tendo pouco enxofre e podendo evocar apenas uma alma, passei a investigar a pergunta e percebi que “qualquer pessoa”, é qualquer pessoa! Então, rompi com as amarras do passado, afinal, das pessoas do passado já temos as obras! E pensei: evocaria alguém do futuro! Sim, se eu pudesse ter uma conversa com alguém, quem quer que seja, em um banco, com uma cerveja, sob a aurora boreal, que seja com alguém do futuro! Talvez, comigo mesmas, 40 anos a frente! Será que vivi isso? Será consegui produzir alguma coisa de relevante para a humanidade? E com alguém de 400 anos à frente? Superamos realmente as fobias e ódios? Seria minha primeira pergunta... E esta pessoa sim, esta teria muito a me dizer.

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12 Fev 2017 13:20 #34758 por Líryan Umbria (liryan)
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Sentido Infinito

O seriado, original da Netflix, “Sense 8” não é sobre uma mulher trans, ativista e lésbica que quer “foder o mundo” (até aqui muita empatia de minha parte, admito). Nem é sobre as dúvidas existenciais do macho alfa gay – nada mais “macho alfa “que um macho alfa gay, convenhamos. Tão pouco é uma pseudo reflexão sobre a postura dos filhos das famílias tradicionais ao regime que os aprisiona, envergonha, por qual lutam sem ganhar nada; se não, mais prisões e vergonhas... E nem sobre a rebeldia daqueles que não tem motivos para serem rebeldes, e nem para os que possuem fortes motivos...

Não, transeuntes transviados, lhes digo; Sense 8 é, substancialmente, sobre religiosidade!

Ensinam-nos os historiadores das religiões e cientistas das religiões (todos eles, apesar de tudo, concordam num ponto) religiosidade é, qualquer que seja, sobre “religar-se”. O famoso “religare”, o fundamental: voltar a se ligar a aquilo que é sagrado, rompendo com as “amarras do profano”. O abandono do profano, em direção a uma busca pelo sagrado. A construção de uma ligação sólida e fundamental, não a Deus (à idéia sobre ele), não há moral, não à “coisas”, mas a um princípio sacro, uma realidade sagrada!

Então, sobre o que é Sense 8? É um seriado sobre indivíduos que rompem com sua individualidade, suas crenças pessoais, suas particularidades, culturas regionais, desejos pessoais, preocupações pessoais... (até aqui “aspecto profano”) para se ligarem, ao outro (ser humano ), e assim o ajudar em seus momentos de dificuldades, quaisquer que sejam (princípio sagrado, sacro).

Acontece que o seriado não é sobre esta religiosidade de cartão de crédito, tão comum nos tempos atuais, onde a fé é substituída por fanatismo e o conforto vem do quanto você doa para seu templo. (pensamento comum desde a Idade Média). Uma religiosidade capenga, chinfrim, baseada no “copia e cola” de textos que ninguém nem se importa quem traduziu, de que ninguém se importa se estão em contexto ou não, se fazem sentido ou não, se traduz respeito ou imposição... Não, Sense 8 traz a religiosidade “na veia”! É aquela religiosidade de Jesus, de Sidarta, de Maria... É aquela religiosidade daqueles que, ao invés de estarem em templos, estão entre o povo, realmente ajudando quem precisa, quem quer que seja que precise.

Claro que, para a maior parte dos “religiosos” de hoje, “ser religioso” se limita a ficar em um espaço muito bem delimitado, com um livro na mão, gritando para o alto e passando o cartão em uma maquininha moderna. Por este motivo a dificuldade de entender a “religiosidade hardcore” de Sense 8, a religiosidade de se religar ao sagrado. E o que é sagrado? Errou quem respondeu “Deus”, acertou quem pesou: seres humanos. O sagrado é, fundamentalmente, o outro. Pois se religar ao outro te leva religar a si, pois religiosidade aqui, como ali em Jesus, Maria e Sidarta, é o religar ao outro ajudando-o em sua necessidade, e assim perceber que o outro se liga a você, e que para a construção de uma sociedade melhor, para que todos possam conviver melhor, as barreiras individuais devem estar abaixo das necessidades do próximo.

Sense 8 é sobre um grupo de pessoas que passa a perceber que é preciso se conectarem, umas com as outras, se ajudarem, umas às outras, para que todas possam sobreviver. É sobre doar ao outro o seu tempo, o seu talento, a sua ajuda, e não o seu cartão de crédito. É sobre estar no mundo, na rua, buscando esta conexão, buscando compreendê-la para desenvolvê-la, pois não ignora sua dificuldade. É sobre um outro totalmente diferente: cor, raça, opção sexual, gênero, posição cultural, posição financeira, crença pessoal... mas que precisa fundamentalmente de sua ajuda, assim como você precisa da dele, para, sobreviver. Ou, quem sabe, construir um convívio melhor no futuro, uma sociedade melhor.

Num mundo de religiosidade “pagou salvou”, onde o princípio religioso se limita a gritar trechos fora de contexto de um livro e buscar impor ao outro seu modo de vida, há sim, muito mais religiosidade em um seriado “porra louca” da “internet” do que na sua igreja “passa cartão e durma feliz”.

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