×
Edite sua assinatura

Para identificação automática em seus posts, use a assinatura do perfil. Para isso vá em Seu Perfil (menu de usuário, a direita no portal) e depois em Editar e Atualizar Perfil. Ali, na guia "Informações de Contato", ao final, há um campo de assinatura. Crie a sua e mantenha ela sempre atualizada!

Se você for um súdito da coroa, use o seguinte formato:

SEU NOME COMPLETO
Súdito da Coroa Italiana.

** Para personalizar sua assinatura, dispomos de um rápido tutorial em "Ajuda" >> "Tutorial Ilustrado", no menu principal do Portal.

QUEM CONTO SEUS MALES EM CRÔNICA

  • Fernando Orleans (fernandoorleans)
  • Avatar de Fernando Orleans (fernandoorleans)
  • Desconectado
  • Muito Experiente II
  • Muito Experiente II
Mais
19 Dez 2013 03:09 #21654 por Fernando Orleans (fernandoorleans)
Respondido por Fernando Orleans (fernandoorleans) no tópico QUEM CONTO SEUS MALES EM CRÔNICA
FOCO


Ganhou a câmera de aniversário. Era um modelo semiprofissional, sua esposa explicou. É usada, mas o “moço” disse que está bem conservada. Mas cadê as outras lentes? Que outras? As outras? Não tem outras. E olhou para a câmera com a teleobjetiva de 200mm em sua mão.

A partir daquele dia, virou o fotógrafo oficial da família. Cadê o Carlos, com aquela câmera legal dele? Perguntavam. E o Carlos estava do lado de fora da casa, do outro lado da rua, para conseguir foco.

Se tornou, ao mesmo tempo, a sensação e o alienado de todas as festas. As fotos parecem de revista. Comentavam. Pareciam de revista mesmo, National Geographic. Sentado no banco da praça, tirava fotos da prima no altar da igreja. Na janela do hotel, tirava fotos da esposa e filhos deitados na praia. Era a presença e a ausência, sempre sentidas. Às vezes, acenava.

Tentou aprender a ler lábios para passar o tempo. Um dia, a solidão bateu mais forte e foi para casa. Ninguém notou. Depois disso, parou de ir em festas e eventos da família. No dia seguinte, cobravam as fotos. Ele desconversava. Tá no pendrive. Quando passar pro computador, eu mando.


SMR Louis-Philippe II Orleans-Umbrio MacLogos Pellegrini 
Rei da França
Barão de Muggia, etc, etc, etc

Cavaliere dell´Ordine di Garibaldi
Cavaleiro Comendador da Real Ordem Italiana da Atividade Micronacional
Medalha da Ordem do Grifo no grau de Grão-Cavaleiro de Avola

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.

  • Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia (Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia)
  • Avatar de Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia (Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia)
  • Visitante
  • Visitante
21 Dez 2013 18:15 #21695 por Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia (Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia)
Respondido por Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia (Césare Ulhoa del Cintra e Bórgia) no tópico QUEM CONTO SEUS MALES EM CRÔNICA
Idioma Mineiro.

apassado, era sessetembro, taveu na cuzinha tomano uma pincumel e cuzinhando um kidicarnecom mastumate pra fazê uma macarronada com frangassado.
Quascaí de susto quando ouvi um barui vindo de dendufornu, pareceno um tidiguerra.
A receita mandopô midipipoca denda galinha prassá; u fornu isquentô, i o mistorô!
Fiquei branco quinein um lidileite.Foi um trem doidimais!
Quascaí dendapia! Fiquei sensabê doncovim, proncovô, oncotô. Ói procevê quilucura.

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.

  • Marli Bionaz (Marli)
  • Avatar de Marli Bionaz (Marli) Autor do Tópico
  • Desconectado
  • Muito Experiente II
  • Muito Experiente II
Mais
30 Dez 2013 16:36 - 30 Dez 2013 16:37 #21780 por Marli Bionaz (Marli)
Respondido por Marli Bionaz (Marli) no tópico QUEM CONTO SEUS MALES EM CRÔNICA


Quem Conto seus males em Crônica


Uma galinha
Clarice Lispector


Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã. Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.

Foi, pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um
telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco aleita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre. Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser?
A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, com cacarejos roucos e indecisos.

Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém
conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão c saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam, mudos, a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem
propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
— Eu também! Jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.

Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela
não cantaria, mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.

Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.


*****


MARLI BIONAZ
Ex-Presidente da Associação Feminina de Micronacionalistas
Ex-Amazona da Real Ordem da Atividade
Sempre Súdita da Coroa Italiana :D
Comuna de Treviso
"Vita, pax et virtuti"
Last edit: 30 Dez 2013 16:37 by Marli Bionaz (Marli).

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.

  • nei.bionaz (nei.bionaz)
  • Avatar de nei.bionaz (nei.bionaz)
  • Visitante
  • Visitante
31 Dez 2013 00:03 #21783 por nei.bionaz (nei.bionaz)
Respondido por nei.bionaz (nei.bionaz) no tópico QUEM CONTO SEUS MALES EM CRÔNICA
Coitada da galinha! hehehe

Gostei do conto. A comuna de Treviso é quem saí ganhando com este projeto.
Parabéns tia Marli.

Att

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.

  • Marli Bionaz (Marli)
  • Avatar de Marli Bionaz (Marli) Autor do Tópico
  • Desconectado
  • Muito Experiente II
  • Muito Experiente II
Mais
03 Jan 2014 16:46 - 03 Jan 2014 16:47 #21834 por Marli Bionaz (Marli)
Respondido por Marli Bionaz (Marli) no tópico QUEM CONTO SEUS MALES EM CRÔNICA


Quem Conto seus males em Crônica [/color]

Vai um repente aew?? :laugh:


Mote: Por favor, não me bajule/Não venha puxar meu saco

Autor: Ansilgus


Sua presença constante
Tem algo de especial
Eu fico aqui vigilante
Você é gente do mal
De jeito algum me macule
Porque eu sou bom no taco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.


Tenho feito muita força
Pra me livrar de você
Os assuntos não distorça
Não venha com fuzuê
Nem queira que eu capitule
Porque senão eu ataco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.


Você gosta de endeusar
Mas só da boca pra fora
Mas então vou recusar
Vê se você me ignora
Antes que a raiva acumule
Sou um homem, não macaco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.


Dizer que sou se guru
Não cola, já lhe falei
Você vá plantar chuchu
Se disso entende não sei
Ou então que se articule
Sem armar qualquer barraco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.


Sua postura é bem chata
Já estou pra me arretar
Pode até plantar batata
Boa colheira dará
Nunca mais me atribule
Pois com você eu me atraco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.


Você quando me elogia
Faz um riso debochado
Sendo eu jamais faria
Não sou um dissimulado
Sou ruim e não calcule
Eu lhe transformo em cavaco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.


Da sua casa só presta
Aquela qu'é sua irmã
Que gosta de uma seresta
Com ela eu fico amanhã
Nem que o sangue coagule
Ou que caia num buraco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.


Se quer saber dum porém
Esqueça logo de mim
Detesto esse vai e vem
E quem vive agindo assim
Seu conceito reformule
Numa luta eu me destaco
Por favor, não me bajule,
Não venha puxar meu saco.



*****


MARLI BIONAZ
Ex-Presidente da Associação Feminina de Micronacionalistas
Ex-Amazona da Real Ordem da Atividade
Sempre Súdita da Coroa Italiana :D
Comuna de Treviso
"Vita, pax et virtuti"
Last edit: 03 Jan 2014 16:47 by Marli Bionaz (Marli).

Por favor Entrar ou Registrar para participar da conversa.

Moderadores: nei.bionaz (nei.bionaz)SA Neimar Bionaz (neibionaz)