Estou lendo um livro de Filosofia da Educação, inclusive, acho que todos nós já devem ter lido esse conto, mas é uma amostra da realidade humana, achei importante postar:
Imaginemos uma
caverna separada do mundo
(CHAUI, 2000, p. 195)
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro,
cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento,
geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder
mover a cabeça para a entrada nem se locomover, forçados a olharem ape-
nas para a parede do fundo e sem nunca terem visto o mundo exterior
nem a luz do sol. Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o
espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo com que as coisas que se pas-
sam no mundo exterior sejam projetadas como sombras nas paredes do
fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e carre-
gando nos ombros figuras de homens, mulheres, animais, cujas sombras
são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas
sombras são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados
são seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela
curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o qual
quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna. No primeiro instante,
fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos
não estão acostumados; pouco a pouco se habitua à luz e começa a ver
o mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver
as próprias coisas, descobrindo que, em sua prisão, vira apenas sombras.
Deseja ficar longe da caverna e somente voltará a ela se for obrigado, para
contar o que viu e libertar os demais. Assim como a subida foi penosa,
porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o retorno será
penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é muito
mais difícil do que se habituar à luz. De volta à caverna, o prisioneiro será
desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para
os outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser ser morto pelos
que jamais abandonaram a caverna.